1 1. Apresentação:
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Sobre a Obra:
A temática do
livro Pedagogia da Autonomia trata da questão da formação docente ao lado da reflexão
sobre a prática educativa – progressiva em favor da autonomia do ser dos
educandos.
Esse livro é
uma construção teórica do próprio autor, e pode ser considerado como uma
síntese de todo seu pensamento. O autor lutou pela educação por toda sua vida,
e foi durante todo esse tempo que ele colheu grande parte do material usado
nessa obra, que foi publicada em 1996, sendo seu último trabalho.
·
Sobre o Autor:
Paulo Reglus
Neves Freire (Recife, Brasil 19 de
setembro de 1921
— São Paulo, Brasil 2 de maio
de 1997)
foi um educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a
escolarização como para a formação da consciência.
É considerado um dos pensadores mais notáveis na história
da pedagogia
mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Entre seus trabalhos
principais estão: Educação como Prática da Liberdade, Pedagogia do Oprimido,
Pedagogia da Autonomia, entre outros. Depois de uma vida dedicada a educação,
Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53,
no Hospital Albert Einstein, em São Paulo,
devido a complicações na operação de desobstrução de artérias.
2.
Resumo da Obra
O livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários
á Prática Educativa, do professor Paulo Freire, foi dividido em cinco
partes, sendo que essas partes consistem em três capítulos (cada capítulo
possui nove subtemas), um prefácio e um espaço onde o próprio autor faz uma
apresentação, espécie de introdução. A obra é dedicada à mulher do escritor,
amigos, intelectuais, colegas de trabalho, educadores e educando.
O prefácio foi
escrito pela professora Edna Castro de Oliveira, que aceitou escrevê-lo como
ato de desafio movido pelo lema defendido por Paulo Freire de testemunhar a
disponibilidade à vida e o seu chamamento. Nele, ela apresenta o seu
envolvimento com os estudos de Freire e faz um breve comentário da obra,
ressaltando a importância da ação educativa – crítica para o desenvolvimento de
uma pedagogia baseada na humanização, que é imprescindível para a prática
docente.
O texto
nomeado “Primeiras Palavras” foi escrito pelo próprio Paulo Freire, e pode ser
considerado como a introdução desse livro. Nesse espaço, o autor aborda a
temática do texto e ao fazer críticas ao sistema neoliberal, falar de suas
expectativas, ao justificar alguns de seus pensamentos; ele termina por fazer
uma convocação a todos àqueles envolvidos no processo de ensino, para se
comprometerem com uma ética universal do ser humano, considerada de suma
importância para a prática pedagógica. Além disso, ele ainda conforta o leitor
dizendo que o seu livro é esperançoso e otimista. Convidando-o a acreditar que
o ser humano não está a principio na História como algo determinado e
ineroxável, muito pelo contrário, motiva o leitor a reconhecer que somos seres
condicionados, que o futuro pode ser problemático, mas deixa uma mensagem de
que a História é tempo de possibilidades para o treino técnico dos educandos à
sua sobrevivência no mundo. Paulo Freire procura envolver o leitor de maneira
que o mesmo se entregue de forma crítica e curiosa a discussão do livro feito
por ele.
O primeiro
capítulo desta obra, intitulado Não há docência sem discência, Paulo Freire
apresenta como idéia principal a conscientização de que se pode e se deve
aprender enquanto se ensina; como argumento para tal pensamento, o autor aborda
a importância desse aprendizado na construção do saber, que se desenvolve ao
longo do tempo. Ele vai ainda mais longe, ao afirmar que é através desse
processo de aprender do docente, que poderá gerar nos alunos uma curiosidade
crescente, essencial para sua formação.
Ainda, nesse
capitulo, Freire traz alguns saberes considerados essenciais para o trabalho
docente; como é o caso da questão da reflexão que deve estar presente tanto na
formação do profissional, quanto na prática educativa – crítica. Essa reflexão
é uma exigência para que se faça um balanceamento entre a teoria e a prática,
evitando que o conteúdo passado na sala de aula não se torne mero ativismo;
sustentando essa teoria o escritor utiliza-se, como exemplo, o ato de cozinhar,
atividade essa cuja qual, a pessoa vai se tornando experiente na medida em que
reflete sobre a eficácia das receitas.
Na medida em
que os professores forem refletindo sobre suas práticas, eles estarão fazendo
uma espécie de reciclagem, estimulando nos alunos um pensamento crítico. Será
nessa nova mentalidade dos alunos que eles passarão a avaliar seus docentes,
enquanto sua eficácia. Ao adquirir esse comportamento, os estudantes assumem um
importante papel, ao lado do educador, na construção e reconstrução do saber
ensinado. Por essa razão, o professor precisará de uma rigorosidade de métodos
para não se tornarem mero memorizador e reprodutor de idéias, desenvolvendo
assim, uma nova leitura que o colocará no caminho do pensar certo para ensinar
certo.
A mudança na
atitude de professores e alunos abre espaço para as pesquisas, outro saber
imprescindível apontado por Freire. Ele afirma que o objetivo de pesquisar é
conhecer o desconhecido e anunciar as descobertas, permitindo que as inovações
sejam feitas no processo educativo; além disso, o autor destaca a importância dessa
ação pra transformar a curiosidade ingênua em uma curiosidade epistemológica,
ou seja, mais inquiridora e crítica.
Para Paulo
Freire o pensar certo e o ensinar certo passa pelo respeito aos saberes que os
alunos chegam às escolas, o saber popular. Essa consideração com o conhecimento
popular se faz necessário para criar um ambiente harmonioso, além de permitir
que o professor faça associações com o ensino dos conteúdos.
A união do
saber popular com o saber institucional permite que os jovens insatisfeitos com
o mundo em que vivem, acrescente nele sua contribuição. Esse acréscimo deve ser
feito com uma formação ética associada a um lado estético; e o autor já
defendia que essa ética devia se iniciar na assunção da mudança, a qual, alunos
e professores estavam propondo, ou seja, o profissional devia assumir a mudança
que estava trazendo.
Para concluir
as idéias apresentadas, neste primeiro capitulo, Paulo Freire fez uma analise
para a eficácia da prática de ensino. Segundo ele, uma melhor absorção de conhecimento
se faria a partir da incorporação de exemplos aos assuntos dado em sala de
aula, assim os alunos se aproximam mais dos conteúdos; outro fator para o
sucesso do ensino, é que todos devem rejeitar qualquer forma de discriminação,
a fim de se tornar disponível às novas idéias e aprender com todos que fazem
parte do ambiente escolar, construindo uma identidade cultural.
O segundo
capitulo desse livro, Ensinar não é transmitir conhecimento, Freire apresenta
como idéia principal a importância de saber o verdadeiro sentido de ensinar,
que é o de criar as possibilidades para a produção e a construção do
conhecimento; endossando seu argumento, o autor volta a ressaltar a importância
do pensar certo na criação dos meios necessários, visando o desenvolvimento do
conhecimento.
Uma grande
afirmação trazida por Freire é o inacabamento do ser humano. Segundo ele, ao se
conscientizar que é um ser inacabado, o homem fica suscetível a buscar sempre
novos conhecimentos que farão parte da sua formação criadora. Exemplificando
esse pensamento, o escritor utiliza – se da idéia de suporte (espaço), sendo
que no momento em que o homem vai se “abastecendo” de conteúdos, ele começa a modificar
o meio em que vive, pra uma melhor acomodação.
A idéia de
inacabamento, trás consigo outro pensamento, o do condicionamento. Se um ser
tem consciência do seu inacabamento, ele se coloca como um ser condicionado, ou
seja, que está num processo permanente de busca social. Seguindo essa linha de
raciocínio, Freire aproveita para criticar a prática dos professores que impõe
uma posição fatalista e acomodada do que está acontecendo, como é o caso da
globalização.
Ao afirmar que
o professor precisa respeitar a autonomia do educando, Freire coloca essa
questão como um dever do docente. Ele ressalta como essa autonomia é
fundamental para a formação dos alunos, que passam a desenvolver mais
satisfatoriamente seus conhecimentos.
A autonomia
dos discentes é importante, mas cabe aos mestres exercerem limites como o
intuito de evitar excessos. Colocar limites aos seus alunos exige do professor
um bom senso, - que se desenvolverá nas relações sociais, econômicas e
familiares. A ausência desse saber pode fazer com que o professor assuma um
papel autoritário. O bom senso intensifica a curiosidade e a criticidade.
Neste capitulo
dois, o pensador mostra toda sua preocupação com o exercício do ensino e o
espaço em que ele é feito. Freire defendia a criação de algo que possibilitasse
a participação dos alunos na avaliação do trabalho docente, ele acreditava que
dessa maneira estaria respeitando a identidade dos estudantes; além disso, o
autor garantia a importância do ambiente escolar, ao afirmar que desrespeitando
esse espaço, era como ofender professores, alunos e a própria prática
pedagógica.
Ao acompanhar
os estudos de Paulo Freire, nota – se sua vertente esperançosa e otimista.
Baseando no seu trabalho humanista, pode – se defender que ensinar exige
saberes como a humildade, a tolerância, a alegria e a esperança, qualidades que
estão sempre voltadas pra melhorar a realidade. Trazendo essa humanização para
a educação, Freire evita tratar a historia de forma mecânica, ou seja, de forma
determinista.
No terceiro
capitulo da Pedagogia da Autonomia, chamado Ensinar não é uma especificidade
humana, Paulo Freire faz uma síntese de tudo o que foi abordado anteriormente,
acrescentando dois pensamentos ao seu discurso. O primeiro é a afirmação da
autoridade do professor através da segurança que ele demonstra no exercício de
sua profissão. Já o segundo, seriam alguns outros saberes que visam o
comprometimento e a humanização das pessoas envolvidas na educação.
A segurança
que afirma a autoridade docente está intimamente ligada à competência
profissional. O mestre que não leva a sério sua formação e nem procura estar se
atualizando, vai ter sua autoridade ameaçada; pois esse profissional perde
força moral para coordenar e cobrar dos alunos, as atividades de sua classe.
Ainda sobre a
autoridade docente, Freire afirma que precisa existir uma generosidade e uma
responsabilidade da liberdade que se assume. Sendo assim, ele visa o respeito
nas relações escolares, culminando na autenticidade do caráter formador das
escolas; além de deixar claro que o essencial no aprendizado do conteúdo é
trabalhar nos alunos o senso de responsabilidade que eles precisam desenvolver
sobre suas ações.
O autor traz
como saber primordial, para seus leitores, a questão do comprometimento que o
professor precisa ter e a compreensão de que a educação é uma forma de intervir
no mundo. O comprometimento deve acontecer tanto para os alunos, quanto para a
prática pedagógica; exemplificando esse pensamento, Freire afirmava que o
professor deve esclarecer sua forma de pensar, respeitando e possibilitando que
os alunos façam uma avaliação da sua prática enquanto profissional da educação.
Já sobre a função de intervenção que a educação possui, Paulo Freire afirmava
que o docente se posicionasse contra ou a favor da ideologia, a fim de evitar o
pensamento mecanicista da história.
O ato de
intervir no mundo exige não só do profissional, mas também dos estudantes, a
conscientização para tomar decisões. Ao fazer essa afirmação, nota – se a
intenção do livro de chamar às pessoas para a busca do seu desenvolvimento
enquanto ser e para o rompimento com o pensar/ ser neutro. Como sustentação
desse discurso, Freire remete – se a outra obra, de sua própria autoria,
“Professora sim, Tia não”, onde ele procurou chamar atenção para a tomada de
decisões aliada à coerência.
De todos os
saberes abordados nessa obra, os dois últimos, mostram – se como essências, não
só para a relação professor – aluno, como para as relações humanas em geral, o
saber escutar e a disponibilidade para o dialogo. Freire afirma que, quem não
sabe escutar corre o risco de impor suas verdades como absolutas, se fechando
para novas idéias; ele defende que, o saber ouvir facilita a aproximação das
pessoas e propicia o desenvolvimento de forma natural, do respeito e da
criticidade. A disponibilidade para o dialogo se origina no respeito às
diferenças e na coerência entre o dizer e o fazer. Quem dialoga se abre ao
mundo e aos outros, confirmando através da inquietação e da curiosidade, a
inconclusão em permanente movimento, enquanto ser na história.
3. Considerações
Finais
O livro
Pedagogia da Autonomia apresenta ao leitor saberes importantes para a prática
docente.
Com a leitura
dessa obra, aprendi que para exercer a docência não devo me afastar dos alunos;
e quanto mais me aproximo deles, maiores são as chances de desenvolverem seus
conhecimentos.
Outra grande
lição aprendida foi a importância do ouvir. Se permitir escutar, permite que o
professor aprenda com seus alunos e assuma um papel de amigo e conselheiro,
possibilitando aos estudantes um espaço para que eles emitam suas opiniões,
construindo seu próprio aprendizado.
Paulo Freire
mostra em todas as suas obras, sua preocupação com o ato de ensinar. Por isso,
eu diria que ele pode ser considerado o guia de todos os que se envolvem, de
alguma maneira, com a educação. Sendo assim, afirmo que as obras de Freire
devem ser lidas por todas essas pessoas comprometidas com a arte humana de
educar, que buscam a melhor forma de construir caminhos que aproximem
educadores e educandos.
4.
Referências:
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes
necessários à prática educativa. São Paulo/ SP: Paz e Terra, 1996 (Coleção
Leitura). Págs. 148
Texto muito bem escrito, sintetiza bem o livro e de maneira muito organizada. Parabéns!
ResponderExcluirDe todos os resumos que li, esse sem dúvida foi o melhor. Sabe usar as palavras de um jeito simples e de bom entendimento. Continue assim! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigada agora clareou as ideias você esta de parabéns.
ResponderExcluirGostei muito deste texto. Parabéns!!!
ResponderExcluirParabéns pelo resumo!
ResponderExcluircaramba gostei muito mesmo . fiz mais de uma apresentação e resumo deste texto, e acredito que esta síntese apresenta muito bem uma trilha para aprofundarmos o pensamento de Paulo Freire. ótimo trabalho
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