A obra, Quanto Vale ou é Por
Quilo?, do cineasta Sérgio Bianchi aborda de maneira consciente e com certa
ironia, as questões sociais no Brasil.
Ao traçar um paralelo,
comparando a escravidão do período colonial com as práticas, ditas como
assistencialistas, das organizações não governamentais, as ONGs, percebe-se como
o sistema escravista ganhou uma nova roupagem, em pleno século 21.
O filme inicia-se mostrando
a situação de Joana, uma escrava liberta, que tem um de seus escravos
seqüestrado, a mando de um senhor branco. Mesmo tendo os documentos que provam
que o escravo é sua propriedade, ela termina presa, acusada de ter invadido uma
propriedade privada. Por essa cena, notamos a fragilidade da lei em nosso país,
que desde séculos passados, são aplicadas de acordo com a conveniência dos
poderosos; poderosos esses, que em outros tempos, eram os senhores de engenhos
e hoje, chama-se Estado e empresas privadas, que escraviza a população por meio
da mídia.
No mundo moderno, o meio de
comunicação (mídia) é o principal mecanismo de adestrar as pessoas, pois ele
impõe e incita nas pessoas comportamentos e tendências que não lhes são
naturais, como por exemplo, o consumismo. Essa nova mentalidade da sociedade
vai gerar uma exclusão de parte da população que não terá condições de se manter
consumindo mercadorias, se concentrando assim nas áreas periféricas, nas ruas
(como pessoas abandonadas) ou então, entrarão no crime.
Dessa prática moderna, o
capitalismo, notamos como a escravidão vai se configurando sob uma nova
roupagem, em uma sociedade que cria elementos que originam seus próprios
escravos, e estes geram violência, como forma de resistir a essa desigualdade.
A idéia de escravo moderno
surgiu do oportunismo da mídia, que se aproveita da população excluída e as
tornam mercadorias, explorando seu sofrimento para conseguir lucros cada vez
mais altos.
O retorno que a mídia
consegue através da exploração do drama social é reflexo da falência dos
valores morais associados com as intenções obscuras de ONGs, organizações não
governamentais, que se originam para cobrir a deficiência do Estado, em lidar
com a população excluída, mas terminam agindo em favor de próprio interesse,
lavando dinheiro, desviando verba pública, etc. (situações mostradas no filme)
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