quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Resumo do livro: Pedagogia da Autonomia


1  1. Apresentação:

·         Sobre a Obra:

A temática do livro Pedagogia da Autonomia trata da questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativa – progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos.
Esse livro é uma construção teórica do próprio autor, e pode ser considerado como uma síntese de todo seu pensamento. O autor lutou pela educação por toda sua vida, e foi durante todo esse tempo que ele colheu grande parte do material usado nessa obra, que foi publicada em 1996, sendo seu último trabalho.  

·         Sobre o Autor:

Paulo Reglus Neves Freire (Recife, Brasil 19 de setembro de 1921São Paulo, Brasil 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Entre seus trabalhos principais estão: Educação como Prática da Liberdade, Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da Autonomia, entre outros. Depois de uma vida dedicada a educação, Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações na operação de desobstrução de artérias.

2.   Resumo da Obra

O livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários á Prática Educativa, do professor Paulo Freire, foi dividido em cinco partes, sendo que essas partes consistem em três capítulos (cada capítulo possui nove subtemas), um prefácio e um espaço onde o próprio autor faz uma apresentação, espécie de introdução. A obra é dedicada à mulher do escritor, amigos, intelectuais, colegas de trabalho, educadores e educando.
O prefácio foi escrito pela professora Edna Castro de Oliveira, que aceitou escrevê-lo como ato de desafio movido pelo lema defendido por Paulo Freire de testemunhar a disponibilidade à vida e o seu chamamento. Nele, ela apresenta o seu envolvimento com os estudos de Freire e faz um breve comentário da obra, ressaltando a importância da ação educativa – crítica para o desenvolvimento de uma pedagogia baseada na humanização, que é imprescindível para a prática docente.
O texto nomeado “Primeiras Palavras” foi escrito pelo próprio Paulo Freire, e pode ser considerado como a introdução desse livro. Nesse espaço, o autor aborda a temática do texto e ao fazer críticas ao sistema neoliberal, falar de suas expectativas, ao justificar alguns de seus pensamentos; ele termina por fazer uma convocação a todos àqueles envolvidos no processo de ensino, para se comprometerem com uma ética universal do ser humano, considerada de suma importância para a prática pedagógica. Além disso, ele ainda conforta o leitor dizendo que o seu livro é esperançoso e otimista. Convidando-o a acreditar que o ser humano não está a principio na História como algo determinado e ineroxável, muito pelo contrário, motiva o leitor a reconhecer que somos seres condicionados, que o futuro pode ser problemático, mas deixa uma mensagem de que a História é tempo de possibilidades para o treino técnico dos educandos à sua sobrevivência no mundo. Paulo Freire procura envolver o leitor de maneira que o mesmo se entregue de forma crítica e curiosa a discussão do livro feito por ele.
O primeiro capítulo desta obra, intitulado Não há docência sem discência, Paulo Freire apresenta como idéia principal a conscientização de que se pode e se deve aprender enquanto se ensina; como argumento para tal pensamento, o autor aborda a importância desse aprendizado na construção do saber, que se desenvolve ao longo do tempo. Ele vai ainda mais longe, ao afirmar que é através desse processo de aprender do docente, que poderá gerar nos alunos uma curiosidade crescente, essencial para sua formação.
Ainda, nesse capitulo, Freire traz alguns saberes considerados essenciais para o trabalho docente; como é o caso da questão da reflexão que deve estar presente tanto na formação do profissional, quanto na prática educativa – crítica. Essa reflexão é uma exigência para que se faça um balanceamento entre a teoria e a prática, evitando que o conteúdo passado na sala de aula não se torne mero ativismo; sustentando essa teoria o escritor utiliza-se, como exemplo, o ato de cozinhar, atividade essa cuja qual, a pessoa vai se tornando experiente na medida em que reflete sobre a eficácia das receitas.
Na medida em que os professores forem refletindo sobre suas práticas, eles estarão fazendo uma espécie de reciclagem, estimulando nos alunos um pensamento crítico. Será nessa nova mentalidade dos alunos que eles passarão a avaliar seus docentes, enquanto sua eficácia. Ao adquirir esse comportamento, os estudantes assumem um importante papel, ao lado do educador, na construção e reconstrução do saber ensinado. Por essa razão, o professor precisará de uma rigorosidade de métodos para não se tornarem mero memorizador e reprodutor de idéias, desenvolvendo assim, uma nova leitura que o colocará no caminho do pensar certo para ensinar certo.
A mudança na atitude de professores e alunos abre espaço para as pesquisas, outro saber imprescindível apontado por Freire. Ele afirma que o objetivo de pesquisar é conhecer o desconhecido e anunciar as descobertas, permitindo que as inovações sejam feitas no processo educativo; além disso, o autor destaca a importância dessa ação pra transformar a curiosidade ingênua em uma curiosidade epistemológica, ou seja, mais inquiridora e crítica.
Para Paulo Freire o pensar certo e o ensinar certo passa pelo respeito aos saberes que os alunos chegam às escolas, o saber popular. Essa consideração com o conhecimento popular se faz necessário para criar um ambiente harmonioso, além de permitir que o professor faça associações com o ensino dos conteúdos.
A união do saber popular com o saber institucional permite que os jovens insatisfeitos com o mundo em que vivem, acrescente nele sua contribuição. Esse acréscimo deve ser feito com uma formação ética associada a um lado estético; e o autor já defendia que essa ética devia se iniciar na assunção da mudança, a qual, alunos e professores estavam propondo, ou seja, o profissional devia assumir a mudança que estava trazendo.
Para concluir as idéias apresentadas, neste primeiro capitulo, Paulo Freire fez uma analise para a eficácia da prática de ensino. Segundo ele, uma melhor absorção de conhecimento se faria a partir da incorporação de exemplos aos assuntos dado em sala de aula, assim os alunos se aproximam mais dos conteúdos; outro fator para o sucesso do ensino, é que todos devem rejeitar qualquer forma de discriminação, a fim de se tornar disponível às novas idéias e aprender com todos que fazem parte do ambiente escolar, construindo uma identidade cultural.
O segundo capitulo desse livro, Ensinar não é transmitir conhecimento, Freire apresenta como idéia principal a importância de saber o verdadeiro sentido de ensinar, que é o de criar as possibilidades para a produção e a construção do conhecimento; endossando seu argumento, o autor volta a ressaltar a importância do pensar certo na criação dos meios necessários, visando o desenvolvimento do conhecimento.
Uma grande afirmação trazida por Freire é o inacabamento do ser humano. Segundo ele, ao se conscientizar que é um ser inacabado, o homem fica suscetível a buscar sempre novos conhecimentos que farão parte da sua formação criadora. Exemplificando esse pensamento, o escritor utiliza – se da idéia de suporte (espaço), sendo que no momento em que o homem vai se “abastecendo” de conteúdos, ele começa a modificar o meio em que vive, pra uma melhor acomodação.
A idéia de inacabamento, trás consigo outro pensamento, o do condicionamento. Se um ser tem consciência do seu inacabamento, ele se coloca como um ser condicionado, ou seja, que está num processo permanente de busca social. Seguindo essa linha de raciocínio, Freire aproveita para criticar a prática dos professores que impõe uma posição fatalista e acomodada do que está acontecendo, como é o caso da globalização.
Ao afirmar que o professor precisa respeitar a autonomia do educando, Freire coloca essa questão como um dever do docente. Ele ressalta como essa autonomia é fundamental para a formação dos alunos, que passam a desenvolver mais satisfatoriamente seus conhecimentos.
A autonomia dos discentes é importante, mas cabe aos mestres exercerem limites como o intuito de evitar excessos. Colocar limites aos seus alunos exige do professor um bom senso, - que se desenvolverá nas relações sociais, econômicas e familiares. A ausência desse saber pode fazer com que o professor assuma um papel autoritário. O bom senso intensifica a curiosidade e a criticidade.
Neste capitulo dois, o pensador mostra toda sua preocupação com o exercício do ensino e o espaço em que ele é feito. Freire defendia a criação de algo que possibilitasse a participação dos alunos na avaliação do trabalho docente, ele acreditava que dessa maneira estaria respeitando a identidade dos estudantes; além disso, o autor garantia a importância do ambiente escolar, ao afirmar que desrespeitando esse espaço, era como ofender professores, alunos e a própria prática pedagógica.
Ao acompanhar os estudos de Paulo Freire, nota – se sua vertente esperançosa e otimista. Baseando no seu trabalho humanista, pode – se defender que ensinar exige saberes como a humildade, a tolerância, a alegria e a esperança, qualidades que estão sempre voltadas pra melhorar a realidade. Trazendo essa humanização para a educação, Freire evita tratar a historia de forma mecânica, ou seja, de forma determinista.
No terceiro capitulo da Pedagogia da Autonomia, chamado Ensinar não é uma especificidade humana, Paulo Freire faz uma síntese de tudo o que foi abordado anteriormente, acrescentando dois pensamentos ao seu discurso. O primeiro é a afirmação da autoridade do professor através da segurança que ele demonstra no exercício de sua profissão. Já o segundo, seriam alguns outros saberes que visam o comprometimento e a humanização das pessoas envolvidas na educação.
A segurança que afirma a autoridade docente está intimamente ligada à competência profissional. O mestre que não leva a sério sua formação e nem procura estar se atualizando, vai ter sua autoridade ameaçada; pois esse profissional perde força moral para coordenar e cobrar dos alunos, as atividades de sua classe.
Ainda sobre a autoridade docente, Freire afirma que precisa existir uma generosidade e uma responsabilidade da liberdade que se assume. Sendo assim, ele visa o respeito nas relações escolares, culminando na autenticidade do caráter formador das escolas; além de deixar claro que o essencial no aprendizado do conteúdo é trabalhar nos alunos o senso de responsabilidade que eles precisam desenvolver sobre suas ações.
O autor traz como saber primordial, para seus leitores, a questão do comprometimento que o professor precisa ter e a compreensão de que a educação é uma forma de intervir no mundo. O comprometimento deve acontecer tanto para os alunos, quanto para a prática pedagógica; exemplificando esse pensamento, Freire afirmava que o professor deve esclarecer sua forma de pensar, respeitando e possibilitando que os alunos façam uma avaliação da sua prática enquanto profissional da educação. Já sobre a função de intervenção que a educação possui, Paulo Freire afirmava que o docente se posicionasse contra ou a favor da ideologia, a fim de evitar o pensamento mecanicista da história.
O ato de intervir no mundo exige não só do profissional, mas também dos estudantes, a conscientização para tomar decisões. Ao fazer essa afirmação, nota – se a intenção do livro de chamar às pessoas para a busca do seu desenvolvimento enquanto ser e para o rompimento com o pensar/ ser neutro. Como sustentação desse discurso, Freire remete – se a outra obra, de sua própria autoria, “Professora sim, Tia não”, onde ele procurou chamar atenção para a tomada de decisões aliada à coerência.
De todos os saberes abordados nessa obra, os dois últimos, mostram – se como essências, não só para a relação professor – aluno, como para as relações humanas em geral, o saber escutar e a disponibilidade para o dialogo. Freire afirma que, quem não sabe escutar corre o risco de impor suas verdades como absolutas, se fechando para novas idéias; ele defende que, o saber ouvir facilita a aproximação das pessoas e propicia o desenvolvimento de forma natural, do respeito e da criticidade. A disponibilidade para o dialogo se origina no respeito às diferenças e na coerência entre o dizer e o fazer. Quem dialoga se abre ao mundo e aos outros, confirmando através da inquietação e da curiosidade, a inconclusão em permanente movimento, enquanto ser na história.

3.    Considerações Finais

O livro Pedagogia da Autonomia apresenta ao leitor saberes importantes para a prática docente.
Com a leitura dessa obra, aprendi que para exercer a docência não devo me afastar dos alunos; e quanto mais me aproximo deles, maiores são as chances de desenvolverem seus conhecimentos.
Outra grande lição aprendida foi a importância do ouvir. Se permitir escutar, permite que o professor aprenda com seus alunos e assuma um papel de amigo e conselheiro, possibilitando aos estudantes um espaço para que eles emitam suas opiniões, construindo seu próprio aprendizado.
Paulo Freire mostra em todas as suas obras, sua preocupação com o ato de ensinar. Por isso, eu diria que ele pode ser considerado o guia de todos os que se envolvem, de alguma maneira, com a educação. Sendo assim, afirmo que as obras de Freire devem ser lidas por todas essas pessoas comprometidas com a arte humana de educar, que buscam a melhor forma de construir caminhos que aproximem educadores e educandos.

4.   Referências:


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo/ SP: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura). Págs. 148

6 comentários:

  1. Texto muito bem escrito, sintetiza bem o livro e de maneira muito organizada. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. De todos os resumos que li, esse sem dúvida foi o melhor. Sabe usar as palavras de um jeito simples e de bom entendimento. Continue assim! Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Muito obrigada agora clareou as ideias você esta de parabéns.

    ResponderExcluir
  4. Gostei muito deste texto. Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  5. caramba gostei muito mesmo . fiz mais de uma apresentação e resumo deste texto, e acredito que esta síntese apresenta muito bem uma trilha para aprofundarmos o pensamento de Paulo Freire. ótimo trabalho

    ResponderExcluir