“A linguística e a aquisição da escrita” (ANALECTA
- Guarapuava, PR – v.3, nº1, p. 29-40. Jan/jun. 2002.) de Ângela Helena Bona
Josefi, do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO, Guarapuava, PR, aborda uns
dos principais dilemas do processo de alfabetização na escola que é a aquisição
da leitura e escrita. Sugere que os profissionais da área lance mão dos
conhecimentos linguísticos para evitar atividades de memorização e repetição
que não estimulam a compreensão funcional da língua.
A
autora dividiu o seu artigo em cinco tópicos e discuti sobre a importância da
Linguística no ensino de língua materna, a capacidade das crianças em
selecionar e manipular a linguagem para se comunicar; ressalva sobre a
diferença entre fala e escrita, trás algumas considerações sobre as
dificuldades que os alunos enfrentam com os fonemas na aquisição da escrita e
das primeiras tentativas que elas fazem para redigir os seus textos.
Josefi,
desde início ao final do seu texto
mostra os pontos negativos de métodos tradicionais usados nas escolas para
ensinar a criança a ler e escrever. Para ela tais métodos não valorizam o aluno
como “sujeito que, ao chegar à escola, já traz uma representação do que seja
ler e escrever”, contribui na perda da capacidade que usava para interagir
oralmente, sem precisar de repetição de fonemas, silabas e etc. A escola tem
sua parcela de culpa quanto a o fracasso da alfabetização e letramentos dos
seus alunos, mas esse fracasso está associado à má formação dos educadores, dos
materiais didáticos que são usados nas escolas, distantes da realidade oral dos
falantes, da tradição da gramática normativa que muitos acreditam que a escrita
“correta” das palavras é que contribuem para a verbalização perfeita dos
vocábulos.
A
preocupação quanto à postura tradicional que as escolas, ou melhor, que muitos
educadores ainda têm quanto ao processo de aquisição da leitura e escrita deve
ser discutido sim e não discordo da autora, porém a melhora significativa desse
problema não está somente na “substituição” dos métodos tradicionais de
alfabetização, por processos que tomam a linguística com uma ferramenta mais
eficiente, mas na qualificação profissional, na formação dos futuros educadores
que tem dificuldade de vencer o tradicional e aplicar os conhecimentos “novos”.
Muitas vezes a escola não é bem sucedida porque a própria escola não sabe lidar
com essa questão e como vencer esse problema?
Precisamos formar educadores capacitados para mudar com sucesso essa
realidade que será ainda motivo de muitas discussões, o processo de alfabetizar
letrando.
O
artigo ora analisado, não deixa de ser um convite a reflexão quanto à postura
da escola, do educador no processo de aquisição da leitura e escrita dos
alunos, sobre tudo, na valorização da criança como sujeito capaz de organizar
elemento da fala para interagir com o meio. A escola precisa respeitar isso. Como
diz Paulo Freire “O
professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a
sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua
prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que
"ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia
legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de
propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar
respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os
princípios fundamentalmente éticos de nossa existência – Pedagogia da
autonomia, 1996 (p. 66).
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