quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A alfabetização: um processo para muitas discussões


“A linguística e a aquisição da escrita” (ANALECTA - Guarapuava, PR – v.3, nº1, p. 29-40. Jan/jun. 2002.) de Ângela Helena Bona Josefi, do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO, Guarapuava, PR, aborda uns dos principais dilemas do processo de alfabetização na escola que é a aquisição da leitura e escrita. Sugere que os profissionais da área lance mão dos conhecimentos linguísticos para evitar atividades de memorização e repetição que não estimulam a compreensão funcional da língua.  
A autora dividiu o seu artigo em cinco tópicos e discuti sobre a importância da Linguística no ensino de língua materna, a capacidade das crianças em selecionar e manipular a linguagem para se comunicar; ressalva sobre a diferença entre fala e escrita, trás algumas considerações sobre as dificuldades que os alunos enfrentam com os fonemas na aquisição da escrita e das primeiras tentativas que elas fazem para redigir os seus textos.
Josefi, desde início ao final do seu texto mostra os pontos negativos de métodos tradicionais usados nas escolas para ensinar a criança a ler e escrever. Para ela tais métodos não valorizam o aluno como “sujeito que, ao chegar à escola, já traz uma representação do que seja ler e escrever”, contribui na perda da capacidade que usava para interagir oralmente, sem precisar de repetição de fonemas, silabas e etc. A escola tem sua parcela de culpa quanto a o fracasso da alfabetização e letramentos dos seus alunos, mas esse fracasso está associado à má formação dos educadores, dos materiais didáticos que são usados nas escolas, distantes da realidade oral dos falantes, da tradição da gramática normativa que muitos acreditam que a escrita “correta” das palavras é que contribuem para a verbalização perfeita dos vocábulos.
A preocupação quanto à postura tradicional que as escolas, ou melhor, que muitos educadores ainda têm quanto ao processo de aquisição da leitura e escrita deve ser discutido sim e não discordo da autora, porém a melhora significativa desse problema não está somente na “substituição” dos métodos tradicionais de alfabetização, por processos que tomam a linguística com uma ferramenta mais eficiente, mas na qualificação profissional, na formação dos futuros educadores que tem dificuldade de vencer o tradicional e aplicar os conhecimentos “novos”. Muitas vezes a escola não é bem sucedida porque a própria escola não sabe lidar com essa questão e como vencer esse problema?  Precisamos formar educadores capacitados para mudar com sucesso essa realidade que será ainda motivo de muitas discussões, o processo de alfabetizar letrando.
O artigo ora analisado, não deixa de ser um convite a reflexão quanto à postura da escola, do educador no processo de aquisição da leitura e escrita dos alunos, sobre tudo, na valorização da criança como sujeito capaz de organizar elemento da fala para interagir com o meio. A escola precisa respeitar isso. Como diz Paulo Freire “O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência – Pedagogia da autonomia, 1996 (p. 66).

Nenhum comentário:

Postar um comentário