sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Avaliação da aprendizagem: Breve histórico da origem aos dias atuais.




RESUMO: Discutiremos neste artigo o breve histórico da avaliação da aprendizagem na construção do conhecimento do educando e como instrumento norteador para o trabalho docente. Desse modo escolhemos o exercício da verificação das mudanças ocorridas ao longo dos anos e assim faremos uma analise das diferenças e/ou semelhanças das práticas avaliativas da atualidade.

Palavras chave: Histórico da Avaliação, Avaliação da aprendizagem.

1 – Introdução

Sempre que refletimos sobre a educação logo fazemos uma relação com a avaliação da aprendizagem escolar, que por sua vez, é historicamente ligada ao ato da aprovação e reprovação do aluno. Mas, é importante refletir sobre como a avaliação é vista e qual suas implicações no processo de ensino/aprendizagem do educando e nas práticas dos professores.
Para falar sobre avaliação da aprendizagem é necessário conhecer o conceito de avaliação, assim como suas características mais pertinentes. Podemos conceituar a avaliação como uma ação natural e necessária para que o professor esteja ciente dos conteúdos assimilados pelos alunos, bem como saber se as metodologias de ensino adotadas por ele estão surtindo o resultado esperado.
Para Hoffmann (1994) o fenômeno da avaliação é indefinido, de tal maneira que o termo vem sendo utilizado com diferentes significados, relacionado à prática avaliativa tradicional: prova, conceito, boletim, recuperação e reprovação. Dar nota é avaliar, e o registro de notas denomina-se avaliação. Ao mesmo tempo outros significados são atribuídos ao termo, tais como análise de desempenho e julgamento de resultado.
Atualmente algumas escolas apresentam a avaliação ainda na forma tradicionalmente conhecida, com a realização de testes e provas quase sempre sem haver a preocupação com o aprendizado do aluno. Desse modo, algumas dúvidas surgem quando se pensa no real conceito da avaliação da aprendizagem, e a forma como deve ocorrer essa avaliação para garantir que o aluno aprenda realmente o que está sendo proposto.
Vários autores discutem a temática avaliação da aprendizagem, a fim de debater, analisar e sugerir modificações às práticas mais recorrentes sobre a mesma. Dentre esses autores podemos destacar: Hoffman (1994), Ludke (2001), Luckesi (2003), Aranha (1989), Libâneo (1994).
Desse modo é possível fazer uma comparação entre a avaliação criada desde a época dos Jesuítas até os tempos presentes, percebendo quais as diferenças e semelhanças existentes nas práticas docentes e, principalmente, qual o impacto dessas formas de avaliação no aprendizado do educando.

2 – Breve Histórico da Avaliação da Aprendizagem no Brasil

Os primeiros sinais de um sistema de avaliação da aprendizagem escolar datam de 1549 com o ensino jesuítico, que permaneceu no Brasil até 1759, ou seja, por 210 anos. Tal ensino era caracterizado por sua postura tradicional com o foco no professor e levava o aluno a uma prática que o distanciava da convivência com a sociedade, no que se refere às práticas da vida cotidiana. Sobre essa questão Libâneo diz:

“Os objetivos, explícitos ou implícitos, referem-se à formação de um aluno ideal desvinculado com a sua realidade concreta. O professor tende a encaixar o aluno num modelo idealizado de homem que nada tem a ver com a vida presente e futura. A matéria de ensino é tratada separadamente, isto é, desvinculada dos interesses dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida.” (LIBÂNEO, 1994, p. 64)

Mesmo não tendo um sistema avaliativo propriamente dito, os jesuítas se configuravam pelo ensino focado na memorização, ou seja, os alunos eram obrigados a decorar as lições, tal como estava nos livros. Sobre isso Aranha (1989) diz:

“O ensino jesuítico possuía uma metodologia própria baseada em exercícios de fixação por meio de repetição, com objetivo de serem memorizados. Os melhores alunos auxiliavam os professores a tomar lições de cor dos outros, recolhendo exercícios e tomando nota dos erros dos outros e faltas diversas que eram chamadas de decuriões. As classes inferiores repetiam lições da semana todo sábado. Daí a expressão “sabatina” utilizada por muito tempo para indicar formas de avaliação.” (ARANHA, 1989, p. 51)

O período do império por ter sido marcado pelas mudanças históricas tanto na política como no processo educativo, as formas avaliativas quase nunca eram realizadas, por não haver um processo avaliativo estabelecido. Nessa época foi dado início à formação de professores para as escolas primárias.
O período republicano trouxe a avaliação da aprendizagem de forma mais sistemática, desse modo os educandos passaram a ser avaliados constantemente com a realização de provas (orais, escritas e práticas). Assim a avaliação se restringia a aprovação e reprovação do aluno. Porém em 1904 a avaliação passou a ser sistematizada a partir de notas que iam de 0 a 5.
A primeira república, que teve início em 1920, trouxe algumas discussões sobre o formato do ensino tradicional limitada à elite e pautada na aprendizagem de forma mecânica. A partir de 1932 com o Manifesto dos Pioneiros, que tinha entre seus idealizadores Anísio Teixeira, a luta por uma escola democrática que contemplasse toda população ganhou mais força.
A Escola Nova apresentou a proposta onde os professores tivessem como parâmetro os interesses dos alunos, tornando-se assim facilitadores ao invés de apenas transmissores de conteúdos. Desse modo, o sistema avaliativo era feito de forma subjetiva, permitindo que o aluno tivesse autonomia sobre sua formação.

3- Avaliação da Aprendizagem Escolar na Atualidade

A avaliação é elemento integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito amplo nos processos de ensino. Requer preparo com componentes especializados e grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos. Porém, ainda hoje, a avaliação da aprendizagem é vista por muitos como o ato de mensurar o conteúdo que foi aprendido pelo aluno em cada período escolar. Essa forma de avaliação quase sempre é aproveitada de forma quantitativa, sendo utilizada muitas vezes tendo a nota como objetivo maior e pouco para estabelecer uma qualidade do ensino obtido pelo educando.
Segundo Lukesi (2002), a avaliação da aprendizagem deve ser assumida como um instrumento que existe, propriamente para mensurar a qualidade da assimilação do conhecimento por parte do aluno e para compreender em que estágio da aprendizagem ele se encontra. Assim, é possível estabelecer um vínculo entre o ensino e a qualidade das propostas de intervenção realizadas pelos professores.
Hoje em dia, alguns educadores modificaram sua percepção sobre o que é avaliar, pois passaram a perceber a ampliação do conhecimento do aluno no cotidiano e não apenas um momento único, além de perceber as peculiaridades de cada discente. Porém, a avaliação ainda se configura como a obtenção de um resultado objetivo, por meio de notas.
A verdade é que a avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações constantes para encontrar parâmetros que possam estabelecer quais as melhores formas de chegar ao educando de modo que ele consiga agregar os conteúdos ao seu cotidiano. Mendéz (2002) ressalta que no âmbito educativo, a avaliação deve ser entendida como atividade critica de aprendizagem, porque se assume que avaliação é aprendizagem no sentido de que por meio dela adquirimos conhecimento.
No Brasil, a concepção de avaliação proposta pelos PCNs (Brasil, MEC: 1997) pretende superar a concepção tradicional de avaliação, compreendendo-a como parte integrante e intrínseca do processo educacional. Ainda segundo os PCNs “a avaliação das aprendizagens só poderá acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é, analisando a adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que estão em condições de enfrentar.”

4 – Considerações Finais

Por fim, com face ao que foi exposto, podemos perceber que o formato da avaliação promoveu várias modificações no sistema de ensino, que deram espaço a reflexões sobre o que é avaliar na escola, em que a inquietação agora não se limita em aprovar e reprovar o aluno, mas envolve também seu empenho com o aprendizado dentro do seu cotidiano.
É preciso distinguir a avaliação da aprendizagem buscando distanciá-la do objetivo que é obtenção de uma média favorável apenas para sua reprovação e aprovação, uma vez que essa forma de avaliar não sofreu nenhuma modificação, pois ainda hoje a avaliação é muito pautada na retenção ou avanço do aluno.
Freitas assinala um aspecto importante:

“Guardar todos os alunos dentro da escola, independentemente de terem aprendido ou não dar mais visibilidade aqueles alunos que não aprenderam o que antes era simplesmente expulso da escola pela reprovação administrativa. A visibilidade do aluno que não aprende é percebida, erradamente, pelos pais e pela sociedade como problema do ciclo ou da progressão continuada; entretanto é produto da velha lógica da escola e da avaliação (...). Nos ciclos e da progressão continuada, esses alunos permanecem no interior da escola exigindo tratamento pedagógico adequado. Eles são uma denuncia viva da lógica excludente, exigindo separação. A volta para o sistema seriado é uma forma de se calar essa denuncia e precisa ser evitada.” (FREITAS, 2003, p. 49)

Ao longo do tempo as alterações que ocorreram no sistema de ensino, admitiram estabelecer um novo exemplo de avaliação da aprendizagem escolar, com ênfase para avaliação formativa com base no diagnostico, consentindo assim, corrigir as modalidades de ação no seu percurso, possibilitando um olhar mais atento sobre como os alunos constroem seus próprios conhecimentos.
No entanto, para realização da prática desse novo olhar sobre a avaliação, é necessária a constituição de uma nova cultura escolar com práticas inovadoras com preceito e ponto de vista que não estar sujeito a modificação legal, mas de categoria especificas para tal processo, que constitui nas alterações e variação nas condições de trabalho apresentada ao professor, da estrutura da escola e do preparo técnico e pedagógico para o corpo docente.

Referências

ARANHA, M. L. de A. História da Educação, 1 ed. São Paulo: Moderna, 1989.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
FREITAS, L. C. de. Seriação e Avaliação: confronto de lógicas. 1 ed. São Paulo: Moderna, 2003.
HOFFMANN, J. Avaliação, mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 12 ed. Porto Alegre: Educação e realidade, 1994.
LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 2002.
LUKESI, C.C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
MÉNDEZ, J. M. A. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Tradução Magda Schwarzhaupt Chaves. Porto Alegre: Cortez, 2002.
 




Elaborado por: Ilka Nunes, Danilo Silva, Vanderson Silva, Viviane Araújo

Um comentário:

  1. Boa noite!!! Qual a identificação dos autores, quanto a graduação, Instituição de Ensino e se foi extraído de tcc, dissertação ou tese.
    Obrigado!

    Carlos (carloswingchun@gmail.com)

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