sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Educação de Jovens e Adultos: Uma Formação Profissional ou Uma Formação Social?




RESUMO: A intenção desse artigo é fazer uma reflexão acerca do foco da formação da educação de jovens e adultos. Inicialmente, é feita uma analise de alguns dos eventos que envolveram essa modalidade de ensino, destacando-se, como o grupo político vigente interfere nessa educação. Finalmente, aborda-se a importância da formação docente, exclusiva, para o EJA, a fim de se construir nova ações pedagógicas visando um melhor desenvolvimento do trabalho, com esse público especifico.

Palavras-chave: Educação de jovens e adultos, formação, alfabetismo.

A educação brasileira sempre foi cercada por intensas discussões a respeito de suas problemáticas e de suas demandas, sendo que nenhuma modalidade de ensino é tão polemica e tão discutida quanto a educação de jovens e adultos (EJA), que é uma forma de ensino da rede pública do Brasil, com o objetivo de desenvolver o ensino fundamental e médio com qualidade, para as pessoas que não possuem idade escolar e oportunidades.
O objetivo desse artigo é fazer uma reflexão sobre a educação de jovens e adultos, analisando de que maneira as conseqüências trazidas por essa educação refletem na sociedade. Além disso, procurarei trazer uma discussão crítica da formação docente em torno dessa modalidade de ensino.

- Formando “novos” atores sociais

A educação de jovens e adultos foi impulsionada nos anos 1940, com a criação de ações e programas do governo, como a Campanha Nacional de Educação de Adultos, que trouxe a necessidade de realizar uma educação crítica, voltada para a transformação social e não, apenas, para se adaptar as exigências do mercado.
Antes da Campanha Nacional, os adultos viam a educação, exclusivamente, como uma instrução que facilitava seu acesso ao mercado de trabalho. Agora, com a preocupação de se oferecer uma formação crítica, os adultos ampliaram seu senso crítico, desenvolvendo uma maior consciência social, tanto na esfera política e cultural, quanto na esfera familiar, motivando seus filhos a freqüentarem a escola.
O final dos anos 1960 e os anos 1970 trouxeram uma nova realidade à educação de adultos. Com o novo regime político vigente, a educação de jovens e adultos passou a ser somente de caráter técnico, ou seja, a preocupação era só que os alunos aprendessem a ler e a escrever, sem uma preocupação maior com a formação crítica. Para isso criou-se o MOBRAL, Movimento Brasileiro de Alfabetismo, que tinha o objetivo de alfabetizar os adultos para que eles pudessem ter oportunidades. Essa mudança na oferta de ensino dos adultos voltou a valorizar a formação profissional em detrimento da formação crítica.
A valorização da formação profissional na educação dos adultos deu espaço para um novo público, os jovens, que estavam ingressando, cada vez mais cedo, no mercado de trabalho, se interessando por uma formação educacional mais rápida.
Os anos 1990 tinham tudo para ser a era de ouro do EJA, devido à demanda em potencial e as garantias constitucionais, como as Leis 5692/71 e 5379/67. Porém, o que se viu foi a valorização da educação infantil em detrimento da educação de jovens e adultos.

Personalidades influentes sobre as políticas educacionais, como o ex-ministro José Goldenberg e o consultor Cláudio Moura Castro [...], declararam publicamente opor-se a que os governos invistam na educação de adultos, argumentando que os adultos analfabetos já estariam adaptados à sua condição e que o atraso educativo do país poderia ser saldado com a focalização dos recursos no ensino primário das crianças (In RIBEIRO, p. 06, 1999).

A desvalorização do EJA afastou os alunos da escola, fazendo com que eles se acostumassem com cargos poucos expressivos e ficassem atrasados em relação aos avanços tecnológicos, como por exemplo, o manejo de computadores.
Atualmente a educação de jovens e adultos volta a ser discutida, dessa vez, de forma mais ampla. Dentre as discussões trazidas na atualidade, duas pautas merecem ser destacadas: a flexibilidade do currículo e a formação docente, exclusiva, para a EJA.
A flexibilidade do currículo vai valorizar a realidade do discente, rompendo com a idéia de que a escola é a única instituição formadora, permitindo, assim, que o aluno aprenda em seu ambiente de trabalho e possibilite que jovens e adultos desenvolvam certa autonomia na construção de novos conhecimentos.
A formação docente para a educação de jovens e adultos nunca foi discutida e nem pensada, por essa razão, não são raros os casos em que os alunos se sentem constrangidos por serem infantilizados pelo professor. Fazendo um trabalho de formação docente voltado para o EJA, vai permitir que os educadores desenvolvam uma linguagem própria para o ambiente e para o público com o qual ele está trabalhando e construa ações pedagógicas condizentes com a realidade do aluno, facilitando à aquisição de conhecimentos de ambas as partes.
            A educação de jovens e adultos desponta como uma prática social importante, pois permite uma formação continuada do ser, ou seja, o EJA serve para introduzir jovens e adultos no campo do conhecimento letrado, possibilitando que os mesmos interfiram no meio que ele está inserido. Dessa forma, é de suma importância que o governo volte a dedicar parte de sua atenção a essa modalidade de ensino, garantindo o suporte para que todos tenham acesso a essa educação.

Referências Bibliográficas

DI PIERRO, Maria Clara; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da educação de jovens e adultos no Brasil. Cad. CEDES, Campinas, v. 21. n. 55, 2001.
RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educ. Soc., Campinas, v. 20, n.68, 1999.
Conceito de Mobral. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb10a.htm. Acesso em: 12/10/2010.
Lei 5692/71. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/l5692_71.htm. Acesso em: 12/10/2010.


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