domingo, 16 de dezembro de 2012

Cidadania: Resgatando Valores Humanos – Por Uma Relação Sustentável na Escola


1.   IDENTIFICAÇÃO

a)    Órgão Colaborador: Colégio Polivalente do Cabula
b)   Órgão Executor: Uneb – alunos do curso de Pedagogia: Agnaldo Fonseca, Andreia Queiroz, Danilo Silva, Jéssica Queli e Vanderson Silva
c)    Título/Tema do Projeto: Cidadania- Resgatando Valores Humanos: Por Uma Relação Sustentável na Escola
d)   Período de Execução: A definir


2.   INTRODUÇÃO

As observações de campo têm sido um importante meio para se identificar situações-problemas e traçar metas para o âmbito escolar. Foi partindo dessas observações que identificamos a falta de motivação e de interesse dos alunos do Colégio Polivalente do Cabula pelas aulas.
O motivo principal para a escolha desse tema é o fato de que temos percebido como a concepção da sociedade moderna caracterizada pela competição e pelo individualismo, tem interferido no comportamento dos jovens na instituição escolar.
As novas relações sociais que têm surgido, em busca de bens materiais e o isolasionismo que as pessoas têm se submetido, graças a nova tendência da sociedade moderna, foram estudadas pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. E esses estudos foram utilizados como sustentação teórica para desenvolver esse projeto.
As conseqüências trazidas por esse novo conceito transformam a relação da escola com a comunidade ao qual ela está inserida, trazendo dificuldades para manter os jovens nas salas de aula.
Por apresentar uma afinidade com o trabalho do educador Anísio Teixeira, os projetos aos quais ele desenvolveu, para incentivar a interação entre as escolas e as instituições culturais serviram como base para relacionar o tema com o sub-tema propostos e elaborar alternativas para minimizar a problemática relação entre os valores educacionais, como a responsabilidade e a objetividade, e os valores sociais, como a ética e a moral.

3.   RESUMO

Atualmente, nas escolas, a desmotivação dos alunos é um dos fatores mais significativos que impedem e dificulta a aprendizagem. Essa desmotivação é resultado de uma série de fatores que vai desde aos meios tradicionais que a escola se utiliza até as concepções da própria sociedade que o aluno está inserido. Sendo assim, visando uma reflexão acerca das relações existentes dentro do ambiente escolar; o lúdico se torna um fator essencial para se recuperar o interesse dos estudantes pela escola.

4.   JUSTIFICATIVA

Hoje, as instituições escolares públicas se encontram em diversos dilemas da contemporaneidade: a necessidade de atrelar o currículo oficial ao contexto escolar e a comunidade; a falta de uma estrutura física e administrativa adequada para atender aos alunos; a desvalorização do professor que se vê encurralado entre a violência e o desrespeito à profissão; a condição social dos alunos. Mas dentre esses graves problemas perceptível na conjuntura educacional em nossa sociedade, o que mais nos desafia diz respeito ao que foi possível perceber claramente durante o estágio de observação no Colégio Polivalente do Cabula pelo grupo: o desinteresse dos alunos pela aula.
Entendamos que historicamente as diretrizes educacionais brasileira sempre estiveram atreladas a atender aos interesses políticos e econômicos, voltada para uma conduta tradicionalista, conteudista. No século XX, principalmente, o currículo fora construído para atender a necessidade do desenvolvimento do país, com um aporte em quase todo o século numa pedagogia tecnicista. Desprezando a emancipação do indivíduo, considerando-o como mero objeto, uma peça da engrenagem de uma máquina, sem necessidade de refletir e intervir na sociedade.
Com a quebra de paradigmas modernos, mediante as novas necessidades da contemporaneidade, constata-se como herança um processo educativo desmotivado, desvinculado da pessoa do aluno, resultando nas últimas décadas, no desafio de superar o fracasso escolar. Instaurando-se então, a complexa relação de ensino-aprendizagem da pós-modernidade. Que passa a considerar o indivíduo como sujeito de seu processo, contribuindo não só para a transmissão do conhecimento, mas, sobretudo, a desconstrução e reconstrução do conhecimento, em que, as relações inter e intrapessoais passam a ser considerados. Além do mais, o direcionamento para o processo de ensino-aprendizagem atual sinaliza a se tornar significativa quando a experiência vivenciada na escola se relaciona com a vida fora dela, possibilitando a construção de sentidos e significados pessoais e coletivos.
Desenvolver um Projeto de Intervenção que favoreça para o resgate do interesse dos alunos pelas aulas requer construir uma estratégia metodológica e didática que proporcione o aluno despertar para o seu papel como pessoa em formação e como indivíduo dentro de uma sociedade democrática, com direitos e deveres a cumprir. Partindo de uma epistemologia construtivista, centrada na pessoa do aluno, onde a sua participação ativa potencialize a retomada de valores que signifique seu processo de aprendizagem e formação humana.
Por isso, a relevância desse projeto na tentativa de buscar alternativa que favoreçam a comunidade escolar alunos, professore e também os pais essa retomada de valores, que vem se perdendo na contemporaneidade.
Um dos autores contemporâneo que mais têm produzido obras que discute a instabilidade e a provisoriedade da vida humana e conseqüentemente essa perda de valores é Zygmunt Bauman. Em seu livro modernidade líquida, define como um momento em que a sociabilidade humana experimenta uma transformação que pode ser sintetizada nos seguintes processos: a metamorfose do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo em busca de afirmação no espaço social; a passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de disputa e competição; o enfraquecimento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida, gerando um permanente ambiente de incerteza; a colocação da responsabilidade por eventuais fracassos no plano individual; o fim da perspectiva do planejamento a longo prazo; e o divórcio e a iminente apartação total entre poder e política. Bauman comenta que assim muitos jogos acontecem ao mesmo tempo e as regras mudam em seu andamento. Por isso, diz Bauman, que não se sustenta mais a Pedagogia edificada sobre a ordem imutável do mundo (que justificou a necessidade e as vantagens da transmissão de conhecimentos). Para Bauman é preciso, então, começar a lidar com um tipo de conhecimento pronto para ser usado imediatamente, em curto prazo, e descartado assim que não corresponder mais a uma urgência.
Portanto, consideramos importante a realização desse projeto por conhecermos as problemáticas da sociedade e da comunidade escolar, visando regatar os valores de respeito, cooperação, cidadania e tanto outros perdidos no meio social, na contemporaneidade. Tratando-se de uma noção de cidadania ativa, que tem como ponto de a compreensão do cidadão como portador de direitos e deveres.  


5.   REFERENCIAL TEÓRICO

O cotidiano escolar deve ser organizado em função da aprendizagem e do sucesso do aluno que se concretiza com base em diferentes práticas educativas decorrentes da proposta curricular da escola; por isso é importante que se tenha o pensamento de uma visão de uma matriz curricular condizente com o pensamento atual, para uma tentativa não só de questionar, mas elucidar determinados equívocos de nosso processo educacional institucionalizado, as quais perpassam pelas diretrizes curriculares. Entretanto, ao nos inserirmos no cotidiano escolar, surgem vários questionamentos e dentre eles o mais instigante é o de como promover as mudanças na educação, direcionada para as concepções atuais de educação: autônoma, contextualizada, interdisciplinar e que busque considerar as relações afetivas e as singularidades dos sujeitos envolvidos.
Chegamos às portas do século XXI com a certeza de que, na escola, não basta transmitir informações, é preciso educar. Embora o ensino seja parte integrante do processo educativo, o desafio que hoje se coloca ultrapassa a esfera da simples aquisição de conhecimento para dar sentido e aplicabilidade ao que é aprendido. É assim que crianças, por natureza ativas e curiosas, podem tornar-se cidadãos conscientes, críticos e responsáveis.
Telma Weisz (2009), na sua obra – O diálogo entre o ensino e a aprendizagem – diz entre outros temas que o professor precisa considerar e compreender o saber do aluno e seu ensino dialogar com o que o aluno sabe. Desenvolvendo uma sensibilidade e uma espécie de escuta para perceber que atrás daquilo que os alunos abordam, de certa forma, pra ele deve ter algum sentido, permitindo a problematização e reflexão, e assim, construir uma verdadeira situação de aprendizagem significativa. Sintetizando ainda a autora que, colocar o fazer educativo a partir de uma nova perspectiva de atuação requer acreditar que os alunos pensam e são capazes de progredirem, levando-nos a respeitá-los e apoiá-los.
A intervenção educativa deve, contudo, incorporar princípios flexíveis capazes de contemplar as particularidades pessoais e culturais, escolares e sociais, tendo como alvo os processos de desenvolvimento, personalização, socialização, humanização e libertação. Trata-se, portanto de uma prática essencialmente pedagógica que ganha sentido pela sua conotação política.
Tendo em vista o inegável impacto exercido pela escola sobre o aluno, o rumo dessa intervenção ao longo da vida escolar segue um movimento dialético que procura inserir o homem na escola, favorecer a sua integração e aproveitamento para, finalmente, devolvê-lo à sociedade. Na medida em que esses momentos de rumos contrários se sobrepõem no processo educacional, preparar o cidadão é, em certa medida, investir na formação do estudante e, mais do que nunca, valorizar o processo de escolaridade.
A passagem para a 5a série aos 11 anos de idade é marcada por interferências que acabam por redimensionar a vida estudantil e as perspectivas pessoais. No plano escolar, a nova conformação do funcionamento institucional exige do sujeito a consolidação da autonomia estudantil já anunciada em anos anteriores. Contudo, a despeito das crescentes exigências escolares, o aluno projeta-se progressivamente para fora das “instâncias estritamente pedagógicas” tal é a força dos focos de desenvolvimento, o impacto da recentes descobertas e o conflito de sentimentos aí envolvidos.
Os processos de luto gerados pelas sucessivas perdas (o “status” de criança, os brinquedos e fantasias), o crescente interesse por temas não considerados pela escola, a busca de identidade, o desejo de responder a perguntas como “quem sou” e “o que quero” são, segundo Oliveira e Chakur (In Leite Salles e Oliveira, 2000), elementos desestruturantes da pessoa que se configuram simultaneamente como elementos constituintes do amadurecimento e inserção na vida adulta.
O dia a dia escolar é, assim conturbado pelos fortes apelos de ordem sexual, afetivo, econômico, ideológico e social. Assim, ainda que o aluno reconheça a importância do ensino, ele o faz em nome de metas futuras, certamente externas ao perímetro escolar ou aos objetivos estritamente escolares. Em síntese, a escola deixa de ser o eixo central da vida do aluno. Os conflitos entre a escola e os apelos da vida social, tão frequentes nos alunos do Ensino Médio (15 a 17 anos), já aparecem muitas vezes entre os pré adolescentes da 5a série.
Em face da realidade juvenil, os rumos da intervenção educativa sofrem considerável modificação. Se, inicialmente, ela priorizava a integração do aluno na escola (seja pela familiaridade com o meio institucional, seja pela ênfase na formação do estudante), agora ela volta-se para a inserção do sujeito no mundo. Depois de tantos anos na escola, o adolescente se defronta com os apelos da sociedade e clama por uma escola cúmplice do seu momento de vida. Assim, sem desconsiderar o apoio ao processo de ensino-aprendizagem inerente à vida escolar, a interferência educativa reforça os aspectos cognitivos e os afetivo-relacionais na construção da aprendizagem no âmbito escolar, visando seu compromisso social, tendo em vista a preparação de jovens para o exercício da cidadania, para a autonomia e responsabilidade de atitudes.

6.   OBJETIVOS

- Desenvolver atividades que visem a relação harmoniosa entre as pessoas da escola.

·         Promover a integração dos alunos;
·         Melhorar a relação professor-aluno;
·         Desenvolver a autonomia dos alunos;
·         Promover uma mediação lúdica e artística;
·         Aproximar a família da escola.


7.   METODOLOGIA

A intervenção terá uma base epistemológica construtivista, na busca de uma atuação ativa por parte dos alunos, direcionada para uma mediação que possibilite manifestações por parte dos sujeitos envolvidos de forma oral, escrita e lúdica. Partindo das concepções que já possuem sobre os assuntos dados, explanação do professor e a contextualização com a realidade. Buscando um processo de ensino e aprendizagem contínuo e significativo tanto para os alunos quanto para o professor. Promovendo um processo – Reflexão-Ação – sobre o conteúdo legal a ser abordado com uma postura de atitude comprometida do professor, não só com a sua competência, mas com a responsabilidade social coletiva.
Para tanto, traçamos uma sequência didática que se fará, da seguinte maneira:

  • 2ª feira: das 8 h às 11h30min
Tema: Oficina Descobrindo o outro
Ação: Palestra sobre o que é ser cidadão – Intervalo – Dinâmica em grupo (Arremesso de Bastões) – Roda de avaliação.
Recursos: Sala de aula, microfone, computador, data show, bastões.

  • 3ª feira: das 8 h às 11h30min
Tema: Oficina Direitos e Deveres
Ação: Dramatização – Leitura Dirigida – Intervalo – Roda de Avaliação.
Recursos: Sala de aula, quadra, texto, 2 folhas de papel metro.

  • 4ª feira: das 8 h às 11h30min
Tema: Oficina A Importância da Escola na Formação do Individuo
Ação: Leitura Fílmica - Intervalo – Reflexão – Roda de avaliação.
Recursos: Televisão, aparelho de DVD, DVD.

  • 5ª feira: das 8 h às 11h30min
Tema: Oficina Construindo a Cidadania
Ação: Construção do painel integrado – Intervalo – Roda de avaliação.
Recursos: Papel metro, revistas, jornais, cola, tesoura, tinta guache, pincel.

  • 6ª feira: das 8 h às 11h30min
Tema: Oficina Por uma Relação Sustentável
Ação: Apresentação do Painel – Reflexão da Família - Roda de avaliação.
Recursos: Auditório, microfone, computador, data show.

8.   AVALIAÇÃO

O projeto de intervenção vai ser executado visando a continuidade do processo. Por essa razão a avaliação será realizada juntamente com os envolvidos nesse trabalho, ou seja, - os aplicadores da intervenção, os alunos, os docentes que queiram participar e as famílias -, farão a avaliação do trabalho por meio de rodas de dialogo, fichas diagnosticas e outros instrumentos que os aplicadores julguem necessários ao longo da intervenção.


9.   REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
DOLL Jr, William E. Currículo: uma perspectiva pós-moderna. Trad. Maria Adriana Veríssimo – Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem – 2a São Paulo: Ática, 2009.
SOLÉ, Isabel. Disponibilidade para a aprendizagem e sentido da aprendizagem in O construtivismo na sala de aula – Ed. 6, São Paulo: Ática, 2009.

Produzido por: Agnaldo Fonseca, Andréia Queiroz, Danilo Silva, Jéssica Queli e Vanderson Silva

Um comentário:

  1. Muito dez! Adorei! Poderia, por gentileza, enviar no meu email: lucianamancino@gmail.com um detalhamento maior da sequência didática apresentada para ser executada de segunda a sexta. Por exemplo, na Oficina de Direitos e deveres fala de um texto, qual? tem um específico? Agradeço se puder me ajudar.

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