domingo, 16 de dezembro de 2012

Considerações e Reflexões da Casa do Sol Pe. Luís Lintner


. INTRODUÇÃO
O presente relatório foi realizado a partir das observações feitas nos dias 28/02 e 06/03, na Casa do Sol Pe. Luis Lintner no intuito de observar como é feito a avaliação nesse espaço educativo.
A Casa do Sol Pe. Luis Lintner é uma instituição sem fins lucrativos que tem como objetivo principal a formação integral de crianças e jovens, localizada em Cajazeiras V, na cidade de Salvador. Nela são realizados vários projetos educativos e artísticos, que buscam o envolvimento e a participação da família e da comunidade. Foi criada em 1997, pelo então pároco da comunidade de Cajazeiras, Pe. Luis Lintner, que foi assassinado dentro do próprio bairro, contudo a instituição permaneceu presente com a sua atuação na comunidade.
A instituição conta com 05 salas, 01 cozinha, 01 refeitório, 01 biblioteca (com um acervo de oito mil volumes, entre literatura para todos os níveis, enciclopédias e subsídios para pesquisa. E é aberta a toda comunidade), 01 oratório, 01 sala de dança (serve para aulas de teatro, percussão, dança contemporânea, capoeira e musica), 01 sala para recreação (onde á noite funciona um cursinho pré-vestibular), 01 recepção, 01 sala da coordenação, 02 parques com brinquedos, 02 banheiros e 01 área de lazer.
A Casa do Sol é dividida em dois projetos, são eles:
Viver e aprender: Atende crianças com idade entre 03 e 06 anos, visando garantir um crescimento saudável e harmônico e o desenvolvimento de todas as suas potencialidades. No final deste ciclo, as crianças são inseridas na escola pública já alfabetizadas. Vale resaltar que este projeto já foi vencedor nacional do Prêmio Criança 2006, pela Fundação Abrinq. 
Novo espaço multicultural: Atende crianças que estão no Ensino Fundamental I no sistema escolar público. Este Projeto compreende atividades de complementação escolar, atividades sócio-educativas, oficinas artísticas, ações integradas com a comunidade. Este projeto já foi vencedor regional do Prêmio Todos pela Educação 2007, promovido pelo Itaú-Unicef.

2. DESENVOLVIMENTO

No primeiro dia de visita, dia 28/02, chegamos a instituição e fomos recebidos pela coordenadora pedagógica Dária Conceição. Ela nos apresentou o espaço e nos explicou que lá existia dois projetos, o Viver e Aprender, que é da educação infantil e o Novo Espaço Multicultural, que é da educação fundamental, e que, para realizarmos o trabalho de forma mais completa, precisaríamos, também, coletar dados sobre a coordenação e a direção. Então, nesse primeiro momento observamos o espaço Viver e aprender.
Na educação infantil, observamos a sala de aula da educadora Tânia Nascimento, acompanhando suas ações e as atividades realizadas com as crianças. Nesse dia, ela estava fazendo uma dinâmica sobre a escrita dos nomes da turma, na qual ela colocou as crianças em roda, distribuiu lápis e papel e juntos, as crianças foram identificando as letras do seu nome, em um joguinho que a educadora foi passando. Algumas crianças responderam sem dificuldade alguma, enquanto outras já demonstrou certa dificuldade por não conhecerem as letras; em determinado momento, a aluna E.L., 3 anos e meio, se chateou por não conseguir fazer e começou a chorar; sensibilizando-se com a situação de sua aluna, a professora resolveu mudar sua dinâmica afim de incluir novamente E.L. na atividade, para isso Tânia Nascimento pediu que a aluna a ajudasse com o jogo que, como tinha a letra escrita em maiúscula e minúscula possibilitou que E.L. identificasse rapidamente a inicial de seu nome.     
Assim podemos perceber que a educadora adota uma avaliação escolar, na qual ela procura integrar as crianças nas atividades, sempre buscando um melhor aprendizado, como aborda Luckesi:
"A avaliação tem por base acolher uma situação, para, então (e só então), ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, se necessário. A avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão... O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo," (LUCKESI, 2006, ps. 172 e 173)
Para finalizar nossa observação no primeiro dia, fizemos uma entrevista com a educadora Tânia sobre o sistema de avaliação adotado por ela e pela instituição. Procuramos saber, primeiramente, o que ela considerava ser uma avaliação, a mesma disse que para ela a avaliação é um meio de descobrir se as crianças dão significados ao conteúdo visto e se ela conseguia resignificar o seu fazer. Quando a professora diz que tenta resignificar o seu fazer, compreendemos que o seu conceito de avaliação assemelha-se ao dos autores TENÓRIO e VIEIRA que propõem o seguinte conceito de avaliação: “avaliar é o diagnóstico para a tomada de decisão com vistas à melhoria do processo” (p.65). Perguntamos, também, como é a avaliação das crianças e qual o significado de avaliar as crianças, de acordo com a professora como as crianças são pequenas, ela os avalia durante o processo que eles estão no espaço, e avaliam também a partir do que as famílias levam para ela. Sendo que no cotidiano, observa e elabora atividades para analisar qual grau de entendimento dos meninos relacionado ao seu fazer lá dentro, ou seja, na própria Casa do Sol. Quanto ao significado da avaliação nos disse que a avaliação aparece como um meio norteador do processo, e que é partindo de uma avaliação, previamente elaborada, que desenvolve estratégias e ações que envolvam a realidade das crianças, para que assim, elas possam construir o próprio conhecimento.
Por meio da entrevista obtido com a professora Tânia percebe-se que a sua concepção é construtivista, o que ela veio a nos confirmar. A concepção construtivista abrange a idéia do “em processo”, ou seja, do estar se construindo, no campo educacional, é a idéia do conhecimento como algo não finito. o construtivismo acredita que o conhecimento e todo o processo educacional é construído a partir de realidades sociais tanto do aluno quanto do professor, onde se estabelece uma relação de complementaridade juntamente com a bagagem cultural de ambos.
Sabendo que a avaliação vai além da sala de aula, dedicamos no segundo dia, a analisar o projeto Novo Espaço Multicultural e a coordenação/direção, afim de ampliarmos nossas observações sobre a avaliação feita na Casa do Sol.
O projeto Novo Espaço Multicultural é um projeto no qual a instituição oferece a alunos da escola regular a oportunidade de participar de atividades socioeducativas (as crianças participam de ações de sensibilização e conscientização do meio no qual estão inseridas), além de tomarem um reforço para sanar as dificuldades que elas venham a apresentar na escola. Nesse momento, procuramos saber como se é feito um dialogo entre a Casa do Sol e as escolas regulares, que as crianças também frequentam. A educadora Marivalda nos respondeu dizendo que é feita visitas as escolas, quinzenalmente, na qual as educadoras do projeto vão, juntamente com coordenação pedagógica a essas escolas. Para finalizar com o espaço Multicultural, perguntamos se eles participam das avaliações externas, como por exemplo a Provinha Brasil. Ela respondeu que sim, mas isso se dá de forma indireta, pois através do dialogo com as escolas regulares, a Casa do Sol promove ações procurando sanar as dificuldades das crianças e que a avaliação feita, durante o processo é baseada, entre outras coisas, na Matriz de Referência para a Avaliação da Alfabetização Matemática Inicial e a do Letramento Inicial (em anexo).
Concluindo nossas observações, conversamos com a coordenadora pedagógica, Dária Conceição, sobre a avaliação institucional realizada na Casa do Sol. Ela nos informou que os educadores estão sempre participando de oficinas, cursos e palestras, de formação humana e profissional, oferecidos pela instituição, nas quais discutem sobre a realidade das crianças e novas estratégias que podem incorporar em suas práticas. No intuito de dar um retorno para a comunidade e para alguns parceiros que a instituição possui, como a Petrobras e o Itaú, ao fim dessas oficinas é feito um trabalho de sistematização, no qual, as coordenações pedagógica e de projetos, juntamente com a direção e os educadores, preenchem uma ficha avaliativa, que é usada na construção de instrumentos norteadores para o fazer da Casa do Sol, como por exemplo o diário de práticas pedagógicas, o caderno nutricional, entre outras; além disso, é comum e constante a prática dos educadores e demais funcionários, estarem fazendo relatórios das atividades, tudo visando uma excelência na prática diária.
A avaliação da Casa do Sol é feita buscando sempre o melhor para as crianças, e porque querem oferecer a comunidade um lugar em que as pessoas possam encontrar um apoio, no intuito de sempre se fortalecer; para isso a instituição, oferece cursos e oficinas para as famílias das crianças, além de projetos, nos quais, os adolescentes possam estar inseridos e envolvidos com a arte e educação.  Nesse momento podemos perceber a preocupação da instituição em reconhecer todos os agentes envolvidos neste processo educacional, sem desmerecer cada agente envolvido. Como expressa Ludke(1996) a avaliação institucional contribui para que os saberes dos diferentes atores envolvidos na escola sejam incorporados e reconhecidos como legítimos, intensificando a qualidade das trocas intersubjetivas que ocorrem na escola empoderando os atores locais para a ação.

3. CONCLUSÃO
Ao realizarmos observações na Casa do Sol Pe. Luís Lintner, percebemos a importância de se trabalhar de forma conjunta e integrada para atingir da melhor maneira possível seus objetivos. Dentro dessa integralização, para obtenção de êxito, a avaliação não deve ficar de fora, afinal é a partir dela que podemos analisar os resultados e verificar se os objetivos propostos estão sendo atingidos. O paradigma de que avaliação de maneira geral é feito de forma mínima apenas pelo professor em sala de aula, nessa instituição é quebrado, fazendo valer a verdadeira amplitude de um processo avaliativo, perpassando por todos os setores onde os sujeitos construtores são participativos e responsáveis, contribuindo assim para a qualidade educativa.
Portanto, avaliar é mais do que um simples conceito, é o diagnóstico para a tomada de decisão com vistas na melhoria do processo educativo. Onde existem mais pessoas envolvidas nesse processo, além do professor que tem por objetivo mediar às questões apresentadas e a construção do conhecimento. Onde é possível concluir que a avaliação deve e tem por característica ser um processo mutuo entre os indivíduos interessados. Tal questão desenvolve em nós leitores essa consciência crítica, do real papel da avaliação no processo de construção da aprendizagem. E de como eu, sujeito dessa construção posso me tornar um mero reprodutor do sistema que privilegia questões ideológicas, ou alguém que procura na avaliação construir com os indivíduos questões sociais, culturais, que contextualize com sua realidade.

4. APÊNDICE

4.1. Entrevista sobre a Avaliação na Casa do Sol, com a educadora Tânia Maria Nascimento.
1-    Como você entende a avaliação?

R- Para mim, a avaliação é um meio de descobrir se as crianças dão significados ao conteúdo visto e se eu consigo resignificar o meu fazer.

2-    Qual o significado da avaliação para as crianças?

R- Para as crianças, a avaliação aparece como um meio norteador do processo. É partindo de uma avaliação, previamente elaborada, que desenvolvemos estratégias e ações que envolvam a realidade das crianças, para que assim, elas possam construir o próprio conhecimento.

3-    Como se dá a avaliação das crianças?

Como as crianças são pequenas, as avaliamos durante o processo que ela está aqui, e do que as famílias trazem para nós.  No cotidiano, observamos e elaboramos atividades para analisarmos qual grau de entendimento dos meninos relacionado ao seu fazer aqui dentro.

4-    Há uma orientação geral para a avaliação na educação infantil?

     Sim. Ao longo do ano, participamos de diversas oficinas, promovidas pela instituição e pelas parceiras, de formação humana e profissional, nas quais discutimos bastante sobre a realidade das crianças e novas estratégias que podemos estar incorporando ao nosso fazer, daí é feito um trabalho de sistematização, no qual, as coordenações, pedagógica e de projetos, juntamente com a direção e os educadores, constituem uma ficha avaliativa, na qual marcamos se determinada criança atingiu certa habilidade ou não.

5-    Vocês trabalham com a avaliação institucional? Por que e para que avaliam a instituição?

     Sim. A todo o momento estamos fazendo relatórios das nossas atividades, fazendo reuniões para discutir o nosso fazer, investindo nos nossos profissionais, tudo visando uma excelência na nossa prática.  Avaliamos a instituição porque buscamos sempre o melhor para as nossas crianças, e queremos oferecer a comunidade um lugar em que elas possam encontrar um apoio, no intuito de sempre se fortalecer. Além disso, precisamos prestar “conta” a outras instituições que nos apoiam como é o caso da Petrobras e do Itaú.

6-    Como se dá o envolvimento da comunidade com a instituição?

     Entendemos que nosso trabalho não pode e não deve se limitar as nossas crianças, por isso oferecemos as famílias diversos cursos profissionalizante, de formação humana, de formação política, além de abrir nossas portas para que os pais sempre estejam e contato com o resultado do fazer dos seus filhos, é assim nas nossas festas temáticas, na Feira de Arte e Cultura, no Dia da Alegria e na Tarde Cultural; os nossos jovens realizam oficinas de arte. Temos um cursinho pré-vestibular, no qual nossa juventude atual fazendo um ótimo trabalho de discussão sociopolítica. Enfim, aqui prezamos sempre, por uma unidade entre família, comunidade e escola.




      Produzido por: Alessandra Silva, Bianca Nogueira, Danilo Silva, Luiza Alves, Tamires Silva, Vanderson Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário